top of page
  • Foto do escritorValdemir Pires

Livro "Gestão do tempo pessoal": Apresentação e introdução



Refletir sobre o tempo sob as perspectivas da história, da filosofia, da arte etc. sem qualquer objetivo pragmático, é uma prática intelectual libertadora: o tempo, como dimensão constitutiva da vida vai revelando faces antes insuspeitadas; ele, que antes parecia nosso conhecido, vai se mostrando um estranho com características que são, umas, assustadoras, outras, propiciadoras de uma visão de mundo menos tenebrosa, mais convidativa. É isso que é feito na trilogia Tempo (Livro I, Livro II, Livro III).

No livro "Gestão Pessoal do Tempo", o objetivo é pragmático, instrumental. Isso fica claro já na Introdução, abaixo. Ele é a base de palestras e cursos rápidos que estarão disponíveis a partir de janeiro de 2022.


GESTÃO DO TEMPO PESSOAL


Introdução


Tempo não é dinheiro, mas na sociedade baseada nas trocas, as horas são forçosamente transformadas em unidades monetárias que depois se convertem em bens e serviços necessários à manutenção da vida. Isso porque a sobrevivência da maioria dos indivíduos os obriga a converterem a maior parte dos dias de sua existência em jornadas ou frações de jornadas de trabalho retribuídas com salários ou formas semelhantes de remuneração (soldo, ordenado, honorário, pró-labore etc.). Daí se depreende que o verdadeiro tesouro de todos aqueles que não vivem de rendimentos proporcionados por ativos reais (empresas, imóveis urbanos ou rurais alugados etc.) ou financeiros (aplicações nos mercados de títulos) é o seu tempo. Assim, é assombrosa a constatação de que a maioria das pessoas dedica atenção à gestão de seus bens materiais, poucos ou muitos, e não tem o mesmo zelo com a gestão de seu tempo, empregando-o mal, desperdiçando-o, tratando-o, enfim, como se fosse infinito ou desprezível e, por isso, não carecendo de cuidados especiais.

Nas organizações que são criadas para assegurar o funcionamento da sociedade e prover a vida econômica, política e cultual dos meios materiais, relacionais, cognitivos, simbólicos e espirituais necessários ao seu funcionamento e sucesso, o tempo é o principal insumo, a “matéria-prima” fundamental. As organizações são agrupamentos de seres humanos que se municiam de meios para atingir seus fins. Assim, uma empresa reúne pessoas (principalmente), máquinas, equipamentos, instalações e matérias primas, a partir de um capital inicial e de uma estrutura jurídica (embora nem sempre, pois há os casos informais) e produz para vender com vantagens pecuniárias que compensem o engajamento de seus participantes. De maneira semelhante age uma entidade filantrópica ou governamental: elas farão o mesmo que as empresas, em termos organizativos, diferenciando-se apenas quanto aos objetivos: lucrar e valorizar o capital (empresas), cumprir sua missão social (entidade), cumprir seu papel político-administrativo (governo). Sejam os objetivos econômicos e individuais, filantrópicos e voltados a um público-alvo ou político-administrativos a serviço da sociedade, eles necessitarão de meios para serem perseguidos, e um dos mais importantes meios é o tempo das pessoas, com sua capacidade e dedicação.

Como a capacidade e a dedicação são os atributos pessoais que fazem do indivíduo o centro de todo o processo produtivo, tornando-os agentes econômicos demandados, as horas de um agente capacitado dedicadas a um objetivo que não o seu próprio é remunerada: o seu tempo é, por assim dizer, “alugado”. Por meio desse aluguel, as organizações (privadas, públicas ou do terceiro setor) subordinam a vida das pessoas: o tempo dedicado ao trabalho (uma grande parte dos dias, semanas, meses e anos) é gerido por um terceiro (o empregador), enquanto o tempo “livre” fica solto, sem supervisão metódica. É como se o indivíduo assumisse para si dois objetivos: contribuir (mesmo a contragosto na maioria das vezes) com os objetivos da organização que o “aluga” e “gozar a vida” no restante do tempo. E este “gozar a vida” repudia tratar o tempo como um bem a ser gerido, porque ao chegar a sexta-feira, depois do expediente, a liberdade começa...

Muitos se iludem com a ideia de empreendedorismo e vão atrás de ser “donos do próprio tempo”, constituindo uma organização (uma pequena empresa, por exemplo) para dela serem o gestor do tempo, seu e de um ou outro colaborador. Logo descobrem que, ao contrário do que acontece com donos e acionistas majoritários de empresas de grande porte, os micro e pequenos empresários continuam na mesma: muitas horas dedicadas à organização e pequenas sobras de tempo para si. Fora a vaidade de se dizer empresário, nada mais e, além disso, uma burocracia infernal com a qual lidar todos os dias.

O que se passa é que, mergulhados irrefletidamente no tempo administrado para fins organizacionais e pressionados para prover sua subsistência submetendo-se a esse tempo organizacionalmente administrado, os indivíduos perdem a noção de que o tempo de suas vidas finitas deveria e pode, mesmo com grandes dificuldades, ter objetivos por eles definidos, levando-os a buscar meios para atingi-los, assim como fazem as organizações. Ou seja, um indivíduo consciente do que é o tempo e do seu valor para ele mesmo, deve gerir esse seu tesouro sem se deixar absorver por objetivos que não são os seus. De modo que, primeiro: uma pessoa deve aceitar a subordinação a um objetivo organizacional somente até o ponto em que ele não inviabilize ou não prejudique demais o seu (o que implica em ter claro o seu ou os seus objetivos de vida ou num dado momento dela); segundo: na medida em que seu tempo não será gerido principalmente por terceiros (os empregadores), será necessário passar a geri-lo, para que não se abandone uma situação indesejável para cair em outra, talvez pior.

É possível e conveniente uma pessoa assumir as rédeas de seu tempo, convertendo-o, na medida das possibilidades de suas circunstâncias, em meio fundamental para atingir seus objetivos? Como isso pode ser feito? As respostas serão buscadas ao longo dos capítulos que se seguem.

6 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo
Post: Blog2_Post
bottom of page