Arte: Declamação do fragmento por Amanda Figueiredo (Amanda de Jorge, Katarina), atriz; fundadora do Grupo Teatral Catanza (UNESP/FCL-Araraquara), atualmente atua em projeto que pretende trabalhar com "peças escritas por mulheres visionárias".
Se “A abelha que faz o mel
Vale o tempo que não voou”[1]
O homem que faz o pão,
Vale a noite que não dormiu? Só?
A moça que varre o chão,
Vale o dia que não flertou? Só?
Pessoa que faz o verso,
Vale a noite que não sonhou? Só?
Estrela que já apagou,
Vale o dia em que existiu? Ou não?
A nuvem que não choveu,
Não vale a sombra que projetou?
Amor que não se declara,
Vale a dor que provocou?
A estrada nunca trilhada,
Vale a ideia de caminhar?
O tempo que não se agarra,
Vale o nada que que se tornou?
A gente, quando insiste,
Não vale pelo que tentou?
A bola que rola em busca,
Só vale se vai a gol?
[1] Beto Guedes/Ronaldo Bastos, Amor de Índio, 1978.
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