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Foto do escritorValdemir Pires

17. Tempo que não (Tempo - Livro I)


Arte: Declamação do fragmento por Amanda Figueiredo (Amanda de Jorge, Katarina), atriz; fundadora do Grupo Teatral Catanza (UNESP/FCL-Araraquara), atualmente atua em projeto que pretende trabalhar com "peças escritas por mulheres visionárias".


Se “A abelha que faz o mel

Vale o tempo que não voou”[1]

O homem que faz o pão,

Vale a noite que não dormiu? Só?

A moça que varre o chão,

Vale o dia que não flertou? Só?

Pessoa que faz o verso,

Vale a noite que não sonhou? Só?

Estrela que já apagou,

Vale o dia em que existiu? Ou não?

A nuvem que não choveu,

Não vale a sombra que projetou?

Amor que não se declara,

Vale a dor que provocou?

A estrada nunca trilhada,

Vale a ideia de caminhar?

O tempo que não se agarra,

Vale o nada que que se tornou?

A gente, quando insiste,

Não vale pelo que tentou?

A bola que rola em busca,

Só vale se vai a gol?



[1] Beto Guedes/Ronaldo Bastos, Amor de Índio, 1978.

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